Assim, quando se pensa que a antiga proposta da Operação Nothwoods, de 1962, pode haver sido praticada agora, arremetendo dois aviões comerciais teleguiados contra as torres do WTC, não é tão fácil descartar essa absurda possibilidade. Os Estados Unidos construíram essa imagem ao longo da História. Eles possuem tecnologia e desprezo pela vida alheia suficientes para cometer tamanha atrocidade.
O próprio Bin Laden pode haver sido vítima da descartabilidade com que os EUA enxergam seus parceiros. Se efetivamente morto em 1º de maio de 2011, o foi por falta de serventia. Ou porque era chegada a hora de “sair de cena”.
Afinal, o velho parceiro de Bush na Arbusto Petroleum, o ex-parceiro da CIA na preparação dos mujadihin na Guerra do Afeganistão, o ex-parceiro das Forças da OTAN (e do próprio EUA) na Bósnia, foi escalado como o inimigo externo, responsabilizado pelo atentado contra as Torres Gêmeas, e após ser caçado por dez longos anos, morto numa ruazinha do Paquistão. Ou apenas, “mandado para casa com um agradecimento de bons serviços prestados”. E isso, para o governo norte-americano, não seria novidade. Acabara de fazer o mesmo com Saddam Hussein, parceiro na guerra contra o Irã, mas um verdadeiro anti-Cristo quando seu prestígio político começou a ameaçar aos interesses geopolíticos americanos no Oriente Médio.
Mas Bin Laden pode haver sido sim esse terrorista inclemente, cruel e desumano que provocou tanta dor e prejuízos financeiros aos EUA. E, nesse caso, sua ideologia anti-americanista alcançou os resultados pretendidos.
O professor Noam Chomsky apresentou com rara maestria sua tese sobre aqueles fatos de setembro de 2001, no seu consagrado livro “9-11: Was There an Alternative?” (11 de setembro: Havia uma alternativa?).
O autor demonstra que são dois os “11 de setembro” e não apenas um: o de 1973 e o de 2001.
O primeiro, “quando os Estados Unidos culminaram com sucesso os seus esforços para derrubar o governo democrático de Salvador Allende, no Chile, com um golpe militar que levou ao poder o regime brutal do general Pinochet”.
Naquela época, a retórica da administração Nixon, era matar o “vírus” e aplicar uma política intolerável de desenvolvimento dependente dos EUA.
O primeiro 11/9, ao contrário do segundo, não mudou o mundo. Não era “nada com grandes consequências”, como garantiu Henry Kissinger ao seu chefe poucos dias depois.
Continua na página 177 do livro "Bin Laden não morreu!"
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