Preciso tomar cuidado com a minha taxa básica de anarquia, senão acabo voltando pra cadeia em pleno alvorecer da terceira idade, o que seria um péssimo exemplo para essa juventude calça cofrinho e barriga tanquinho.
Tudo começou com uma manchete de telejornal: “Nenhum político ou ministro foi condenado, nos últimos 40 anos,
Tudo começou com uma manchete de telejornal: “Nenhum político ou ministro foi condenado, nos últimos 40 anos,
pelo STJ.”
Imediatamente, pensei nesse monte de gente que frequenta noticiário com seus escândalos contumazes e fiquei apavorado com a inequívoca demonstração de corporativismo da rapaziada. Não sei por que, lembrei da frase erroneamente atribuída ao De Gaulle*, na Guerra das Lagostas, episódio bizarro dos anos 60 e premonitório, se visto com olhos dos dias de hoje: “O Brasil não é um país sério”. Quer dizer, o país até que é. O problema, talvez, é que Brasília fica longe demais do Brasil. E nós, reles eleitores e contribuintes dos impostos mais caros do mundo somos obrigados, qual cordeirinhos, a retificar a famosa frase com um acanhado “sério não, apenas engraçado”.
A gente adotou uma educação francesa, para tentar viver como americanos, num país colonizado por portugueses degredados que, por sua vez, seguiam ordens de outros tantos que vieram dar em nossos costados fugindo de Napoleão. E, como ninguém queria nada com a “Hora do Brasil”, empregaram (no sentido de “usaram” e não no de “deram emprego”) mão de obra escravizada de negros raptados de suas nações, pelos quais pagaram pedágio atlântico aos corsários ingleses, com ouro das Geraes. E essa zorra toda sob os ditames judaico-cristãos da Santa Igreja. Quer dizer, não podia dar certo mesmo. Isso tudo, apenas, para que nossos colonizadores pudessem sentar em suas varandas palacianas, comer frango assado com as mãos, se refestelarem com as formas voluptuosas das negras ladeira acima e ensinarem pra gente como plantar algodão pra vender pros States e depois comprar calça Lee. Ou, se preferirem, plantar café e vender pros europeus, pra depois importar Nescafé.
Assim, com o devido respeito, me arvoro a corrigir a histórica frase: não se trata de ser sério ou não. O problema é que o Brasil é um país de amadores. Nessas terras, prostituta goza e traficante cheira. Dessa forma, nada mais natural que aqueles a quem confiamos um mandato para criar leis e fiscalizar o Executivo, sejam os primeiros a “passar batido” por sobre todas elas, em troca de uns cascalhos ou um favorzinho aqui, outro ali.
Por essas e por outras, ando pensando (com meu lado anárquico, é claro) em assumir a presidência da república (assim mesmo, com caixa baixa e tudo). E, sem perda de tempo, já estou rascunhando minhas metas com coisas bem simples.
Imediatamente, pensei nesse monte de gente que frequenta noticiário com seus escândalos contumazes e fiquei apavorado com a inequívoca demonstração de corporativismo da rapaziada. Não sei por que, lembrei da frase erroneamente atribuída ao De Gaulle*, na Guerra das Lagostas, episódio bizarro dos anos 60 e premonitório, se visto com olhos dos dias de hoje: “O Brasil não é um país sério”. Quer dizer, o país até que é. O problema, talvez, é que Brasília fica longe demais do Brasil. E nós, reles eleitores e contribuintes dos impostos mais caros do mundo somos obrigados, qual cordeirinhos, a retificar a famosa frase com um acanhado “sério não, apenas engraçado”.
A gente adotou uma educação francesa, para tentar viver como americanos, num país colonizado por portugueses degredados que, por sua vez, seguiam ordens de outros tantos que vieram dar em nossos costados fugindo de Napoleão. E, como ninguém queria nada com a “Hora do Brasil”, empregaram (no sentido de “usaram” e não no de “deram emprego”) mão de obra escravizada de negros raptados de suas nações, pelos quais pagaram pedágio atlântico aos corsários ingleses, com ouro das Geraes. E essa zorra toda sob os ditames judaico-cristãos da Santa Igreja. Quer dizer, não podia dar certo mesmo. Isso tudo, apenas, para que nossos colonizadores pudessem sentar em suas varandas palacianas, comer frango assado com as mãos, se refestelarem com as formas voluptuosas das negras ladeira acima e ensinarem pra gente como plantar algodão pra vender pros States e depois comprar calça Lee. Ou, se preferirem, plantar café e vender pros europeus, pra depois importar Nescafé.
Assim, com o devido respeito, me arvoro a corrigir a histórica frase: não se trata de ser sério ou não. O problema é que o Brasil é um país de amadores. Nessas terras, prostituta goza e traficante cheira. Dessa forma, nada mais natural que aqueles a quem confiamos um mandato para criar leis e fiscalizar o Executivo, sejam os primeiros a “passar batido” por sobre todas elas, em troca de uns cascalhos ou um favorzinho aqui, outro ali.
Por essas e por outras, ando pensando (com meu lado anárquico, é claro) em assumir a presidência da república (assim mesmo, com caixa baixa e tudo). E, sem perda de tempo, já estou rascunhando minhas metas com coisas bem simples.
Para começar, gostaria de encontrar algumas respostas que andam perdidas por aí. Por exemplo: por onde anda aquela cueca de 80 mil dólares? E o dossiê do PSDB? Ou, quem pagou (e para onde foram) os quatro milhões que o Roberto Jefferson disse, em cadeia nacional, que recebeu do PT? No que deu a CPI do Mensalão? Quem inventou, afinal, esse tal de apagão? Perguntas simples, que todo cidadão de bem se faz, diuturnamente.
Mas, tem mais: vou proibir, logo no primeiro dia de mandato, por Medida Provisória, a fabricação de cigarros em todo território nacional! Cigarro por aqui, agora, só importado e ao custo mínimo de trinta e cinco dólares o maço. Quem sabe assim esses ambientalistas xiitas param de tratar fumantes como cidadãos de segunda classe. Haja saco! (Só perdem mesmo para os defensores dos direitos humanos dos bandidos).
Outra coisa, se AK-47 vem da Rússia, AR-15 dos States e Uzi de Israel, alguém sabe me dizer como esse armamento chega aos Boréis da vida? E, pra terminar, tô pensando seriamente em mandar uma rapaziada até a Bolívia, para pegar nossas refinarias de volta. (Ah! Se elas fossem dos louros meninos do norte...)
Quer saber? Acho melhor ficar por aqui. Mas confesso que ainda estou em dúvida se embarco nessa onda anárquica e falo o que todo mundo anda doido para falar ou se continuo brincando de cidadão imbecil e hipocritamente correto. Ou será melhor arrumar um boné do MST? Vai que os caras resolvem inventar um AI desses da vida e vai começar tudo de novo...
Anderson Fabiano
* A famosa frase “O Brasil não é um país sério” é de autoria do embaixador Carlos Alves de Souza Filho e teria sido dita em 1963 e atribuída, erroneamente, ao então presidente da França, Charles de Gaulle.
Publicada originalmente em 23 de junho de 2007, no CooJornal nº 534
Mas, tem mais: vou proibir, logo no primeiro dia de mandato, por Medida Provisória, a fabricação de cigarros em todo território nacional! Cigarro por aqui, agora, só importado e ao custo mínimo de trinta e cinco dólares o maço. Quem sabe assim esses ambientalistas xiitas param de tratar fumantes como cidadãos de segunda classe. Haja saco! (Só perdem mesmo para os defensores dos direitos humanos dos bandidos).
Outra coisa, se AK-47 vem da Rússia, AR-15 dos States e Uzi de Israel, alguém sabe me dizer como esse armamento chega aos Boréis da vida? E, pra terminar, tô pensando seriamente em mandar uma rapaziada até a Bolívia, para pegar nossas refinarias de volta. (Ah! Se elas fossem dos louros meninos do norte...)
Quer saber? Acho melhor ficar por aqui. Mas confesso que ainda estou em dúvida se embarco nessa onda anárquica e falo o que todo mundo anda doido para falar ou se continuo brincando de cidadão imbecil e hipocritamente correto. Ou será melhor arrumar um boné do MST? Vai que os caras resolvem inventar um AI desses da vida e vai começar tudo de novo...
Anderson Fabiano
* A famosa frase “O Brasil não é um país sério” é de autoria do embaixador Carlos Alves de Souza Filho e teria sido dita em 1963 e atribuída, erroneamente, ao então presidente da França, Charles de Gaulle.
Publicada originalmente em 23 de junho de 2007, no CooJornal nº 534
14 comentários:
Se te candidatares, avisa!!!rsrs
Que vocês tenham um lindo e feliz feriadão, no agito ou calmaria( o meu será de decanso e passeios apenas.
Carnaval, nem na tv,srrs)
Tuuuuuuuuuuuuudo de bom e adorei te ver aqui!chica
Você fala sim, o que todo mundo anda doido pra falar. De “cidadãos imbecis e hipocritamente corretos” esse pedaço do mundo tá cheio. Não dá pra engolir essa banalização e naturalização de escândalos diários, sem esperar que alguém faça uso dos mecanismos institucionais que os impeçam.
O comentário perfeito pra essa crônica é o texto “Só de sacanagem”, da Elisa Lucinda:
“Meu coração está aos pulos! Quantas vezes minha esperança será posta à prova? Por quantas provas terá ela que passar? Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu, do nosso dinheiro que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais. Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova? Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais? É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz. Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam: "Não roubarás", "Devolva o lápis do coleguinha", "Esse apontador não é seu, minha filha". Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar. Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará. Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar. Só de sacanagem! Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba" e vou dizer: "Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau." Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal". Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal. Eu repito, ouviram? Imortal! Sei que não dá para mudar o começo. Mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final!”
Pois é... A gente tem fé que uma hora dessas vai fazer a coisa certa. E até se empolga, como todos os eleitores que acreditam na honestidade dos candidatos. Depois, não é sem certa revolta que nos damos conta daquela velha máxima: “na prática, a teoria é outra”...
Sabe que gosto bem do que e de como escreve. Genial como sempre!
Beijo, carinho, beijo!
Baixou o cajado com força, Fabiano! Mas você mesmo já se encarregou de apontar os erros e apresentar as soluções.
Gostei imenso das refinarias. Se são dos meninos Winchester e Colt, o pó ia sumir do mercado uns tempos. Dizem que os marines gostam.
Abração,
Jorge
Mininu amaaado!
Fiquei tão felizzzz com sua visita que quase soltei uns tiros da minha espingarda de chumbinho!rsrs
Quanto tempo heim amigo? E chego vendo essa reflexão histórica, crítica e pertinente...bem apropriada, pra esse sabadão de carnaval onde todo o país (mais uma vez) pára...exceto eles, provavelmente decidindo por mais impostos ou coisa que valha!
Beijuuss n.c. e um bom carnaval procê
Amigo Fabiano...
Tuas palavras são como medicação que tira essa dor crônica que sentimos e diminui a angustia que eleva nossa pressão arterial e nos coloca a cada noticiário num quadro de nociva indignação... Ler teu texto nos deu a possibilidade de um profundo respirar que levou energia e sobrevida à nossa alma... Mesmo porque precisamos de muita energia para continuar mastigando e sem conseguir engolir, coisas como considerar perfeitamente correto e "democrático", o permitir (em pleno século 21) que pessoas completamente analfabetas e sem conhecimento estejam aptas a legislarem para um povo... E ainda conduzi-la para a Comissão de Educação e Cultura... Estou sem saber se dou risada ou se choro, pois entendo que podemos estar vivendo uma situação extremamente perigosa e que não estamos dando a devida atenção!!! Desculpe-me o desabafo e obrigada, me sinto presenteada, pois diz em O país do talvez tudo o que eu gostaria de dizer! Medalhas Mil para você "Escrevinhador de Verdades"!!!
Abraços!
Você tem o dom da palavra Anderson. Bom te ler. Concordar também. Obrigada pela preciosa visita ao Solidão, me deixou feliz. Abraços, um ótimo carnaval pra vc.
pois é
o oligarquismo está na crista da onda...
se houvesse um ringue pra um confronto OLIGARQUIA vs ANARQUIA
será que dava pé?
Amigo no encuentro el traductor aqui y la verdad me gustaría entender el tema para poder opinar.
Mis cariños para ti.
mar
El mundo, su naturaleza es precioso...pero mucha gente lo hace horrible.
Ahora en quién confiamos?...amigo sólo en nosotros mismos.
Mis cariños para ti y gracias por colocar el traductor.
mar
acabo de ver o teu blog e gostei imensamente, voce é grde escritor, e sabe : viva os anarquistas! e o erotismo!
um abraço
adorei Encontrá-lo no meu cantinho.
Foi bom recebe-lo e pedir,,, volte sempre vamos partilhar POESIA
UM beijo
Querido amigo, el traductor no es fiel, tengo problemas en la traducción, es una lástima porque el tema parece interesante para reflexionar.
Un abrazo.
Ficou sensacional sua cronica,com uma pitada de ironia que caiu muito bem!Realmente nos revolta toda essa injustiça e brincadeira com nosso dinheiro tão suado!....E a visita do Obama?...rss...gostou? Eu confesso que fiquei p...da vida!Parabéns pela elucidação de tantos fatos!Bjs,
Olá Andreson!
Venho até aqui pedir a sua atenção para um assunto sério e que com a união e participação de todos poderemos salvar vidas.
Eu e o meu amigo Milton Kennedy, resolvemos nos unir em prol de uma campanha sobre a doação de medula óssea e contamos com todos os amigos da Blogosfera para divulgá-la.
Você poderá nos ajudar?
Desde já agradecemos...
Um abraço carinhoso
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