Depois foi o inglês: “sem inglês ninguém chega a lugar algum”. E lá fui eu deixar meu rico francês de lado para aprender a língua dos louros meninos do norte. Quando pensei que estava pronto para ser sucesso, surgiu a informática: “sem um sólido conhecimento de computadores o homem nem se mexe mais”. Bem, se trocar datilografia por digitação e saber salvar um arquivo é “sólido conhecimento”, estou salvo. O resto é CtrlC, CtrlV!
Aí, já resignado com minha condição de sub cidadão, já que sou fumante e o mundo pertence apenas aos xiitas ecológicos não fumantes, me aparece um tal de Facebook. Ou, simplesmente Face, para os íntimos. Deus de Israel, o que é isso?
Facebook é uma poderosa ferramenta moderna que o secretário de Estado, Leon Panetta, ex-diretor da CIA, reputa como um dos mais eficientes instrumentos para localizar pessoas. Mas não sou nem besta de querer entrar no mérito dessa questão, pois com toda certeza, a esmagadora (ou seria esmagada) maioria dos usuários do Face não faz a menor ideia de para que serve a linha do tempo.
Pois bem, aqui estou eu, perseguindo o sucesso, cadastrado no Face, livre do ostracismo e com quase 400 amigos. 400 AMIGOS!? Putz, ninguém na face da terra tem 400 amigos!
O Face me abriu as portas de um novo mundo de conhecimentos. Hoje sei, por exemplo, que o sucesso de um homem se mede pelo número de “curtir” e “compartilhar” em suas postagens. Fantástico! E “curtir”, para quem não sabe, é a coisa mais preguiçosa, cínica e hipócrita que poderia existir. Seguinte: como no Face o que vale é ter uma porrada de amigos e ninguém tem tempo de escrever coisas sinceras para todos, basta esperar que o cara poste alguma coisa e quando você receber o aviso, vai na página do seu “amigo” e aperta a tecla “curtir”. Pronto! Garantiu a sobrevivência de uma amizade.
Bacana, né? Na prática, o “curtir” funciona assim: se você está próximo dos “amigos”, comemorando, brincando, se divertindo junto, eles vêm na sua página e deixam um comentário. Caso contrário você cai na categoria “quem não é visto não é lembrado” e ganha apenas um “curtir”. Mas, puxa, se você precisa ser visto para ser lembrado, você é literalmente um ninguém!
Sei não, acho que vou sair do Face e continuar curtindo o velho, sincero e confiável modelito de amizade.
Anderson Fabiano
Imagem: Google