Sei que parece título de tela de Salvador Dali, mas infelizmente (só soube agora) há uma ligação indelével entre esses dois. E que ligação!
O jogador de futebol Ronaldinho Gaúcho, atualmente no Flamengo (time de futebol do Rio de Janeiro), recebeu, por ocasião do 110º aniversário de nascimento do escritor (e flamenguista histórico) José Lins do Rego, a mais importante comenda da Academia Brasileira de Letras – a Medalha Machado de Assis, uma espécie de Prêmio Nobel da Literatura Brasileira.
Nada contra a pessoa Ronaldinho (a quem sequer conheço) ou mesmo ao atleta rubro-negro, pois nem minha condição de vascaíno me cega diante das óbvias habilidades do referido craque que, quando resolve jogar, inferniza as defesas adversárias. Mas, minhas versões escritor e editor estão uma arara!
A ABL não tinha o direito de esculhambar com a Cultura, nem com a Literatura Brasileira de forma tão vil, tão irresponsável, tão ultrajante. Não num país com tão pouco espaço para escritores, poetas, dramaturgos, roteiristas e afins. Um país onde a simples necessidade de se publicar um livro se transforma, diuturnamente, numa aventura quixotesca, numa insana peregrinação (de pires na mão) atrás de patrocinadores, aonde tantas boas ideias se vão, e de autores que se perdem no ostracismo ou são reduzidos a figuras boêmias, maltrapilhas, verdadeiros personagens dos becos escuros da vida.
Não! Definitivamente, não! O homenageado nem livro preferido tem. Se é que já leu algum.
O Luiz Carlos Prates está perfeito em sua crônica. Pode ter lá seu jeito ácido de dizer as coisas, mas nem de longe perdeu o foco do absurdo cometido.
Não discuto a preferência futebolística de José Lins do Rego, nem tão pouco a homenagem ao atleta, mas o abismo existente entre homenagem e homenageado. Afinal, que contribuição deu Ronaldinho Gaúcho à Cultura Brasileira? Saber jogar bola? Então Pelé, Garrincha, Zico e tantos outros já deveriam ter recebido a importante comenda. E com muito mais razões para tal.
Futebol é cultura? Bem, nesse caso, a ABL deveria transferir sua sede para as várzeas, para os campinhos poeirentos dos rincões, para as ruas sem saídas dos subúrbios brasileiros. Pois é lá, então, que vão encontrar os futuros acadêmicos.
O pobre coitado do Machado deve estar dando cambalhotas no túmulo. E nem sei se o refinado escritor sabia jogar bola.
Quer saber? Fico por aqui antes que meu lado de menino peladeiro resolva liberar todos os palavrões que se usam durante uma partida de futebol. Cultura? Nem sei mais. O que sei é que já que a ABL resolveu achar que futebol é cultura vou usar uma linguagem que os acadêmicos, pelo visto, entendem bem: Bola fora!
Anderson Fabiano
Imagem: Google
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12 comentários:
Anderson,
Concordo com sua revolta mas não com o fato de se chatear pelas estripulias políticas e de autopromoção da ABL. Basta dar uma olhada nos nossos imortais - de ontem e de hoje - para concluir que a ABL está longe de ser o núcleo da nossa Cultura. Sim, existem escritores nas fileiras confortáveis da nossa Academia; não, não sou leitor de todos que lá se encontram, mas, enfim, melhor escritores que não amo que políticos usados para prestigiar a casa. E é exatamente a praxe política que nos impele a não levar tão a sério a ABL.
:)
Fabiano, nunca vi uma crônica tão pertinente.
Ronaldinho Gaúcho, quando quer, é um extraordinário jogador de futebol. E que tem isso com a Literatura?
Estou com você na íntegra.
Abração,
Jorge
"oi". Não reclame, você sugeriu. Brincadeira. Excelente crónica. Vou me candidatar não sei ainda se por Bola de Gude ou Soltador de Pipa. Abração de seu amigo (por tabela),Tyrone
Por isso sou adepta e defensora ferrenha da famosa frase: "a César o que é de César".
Ao Ronaldinho, caberia muito melhor aquelas "Chuteira de ouro", "Bola de Ouro" e outras sei lá quais coisas douradas por aí, num mais conveniente e adequado formato "futebol", porque acho que nessa área, o cara é bom mesmo.
Agora, a Medalha Machado de Assis... Bem...
Mas sabe, se a gente prestar atenção no currículo de alguns ocupantes de cadeiras da ABL, e se fizer um esforço para conseguir entender as razões para a "imortalidade" deles, talvez a gente até consiga entender as razões da comenda dada ao Ronaldinho.
Juro que me dá vergonha.
Sempre ótimas as tuas crônicas! E eu gosto bem disso!
Um beijo!
Caramba, daqui a pouco ele estará ocupando uma cadeira na ABL... Será??? Não duvido de mais nada, neste país dos absurdos. Adorei este blog de cronica, Anderson, voltarei sempre. Bom fds, beijo grande.
Machado revirou-se no túmulo e disse com aquele seu ar de bruxo do Cosme Velho: como puderam tomar o meu nome em vão??? Anderson, sua crônica é ótima!
Bjos
Salve-se quem puder com essa,né? CREDO!!!
Linda crônica como sempre! Vim agradecer teu carinho pelo niver de casamento e o Kiko também pelo AUGURI,rsrs.
Pretendemos muiiiiiiitos anos mais, tomara possamos ter saúde e da minha parte, pretendo ficar apenas enquanto for dona das minhas perninhas sem precisar ser levada ou comandada,rsrs Não suportaria....
abração, tuuuuuuuudo de bom pra vocês ai, chica e kiko
Uma crônica fantástica,que transcorre num pulsar alucinante,sem jamais perder o foco.Cheguei de mansinho já me preparando para ficar pra sempre.Abraço de leitor e fã.:-BYJOTAN.
IDERVAL TENÓRIO11 de junho de 2012 22:16
O ESPORTE AMADOR PEDE SOCORRO
O Esporte Amador pede socorro. As Olimpíadas na sua essência pedem socorro
Sete séculos antes de Cristo em Olímpia na Grécia foram criados os jogos olímpicos, competições que perduraram até o século V depois de Cristo.
No fim no século XIX em 1894 foi criado pelo Barão de Coubertin o Comitê Olímpico Internacional, que passou a administrar e dirigir as olimpíadas. Redigido uma carta com todas as suas diretrizes as Olimpíadas passaram a ser elos do bem entre as nações.
O símbolo destes encontros passou a ser 05 anéis entrelaçados representando os cinco continentes e as suas cores, o fulcro destes encontros era patrocinar amadoristicamente a paz, o esporte, a juventude e a amizade entre os povos da terra, tanto que com a evolução foi necessário expandir os encontros aos esportes no gelo, esportes para os adolescentes e o esporte para os atletas com deficiência física, o fulcro era o Esporte Amador, o esporte nas escolas, nas fábricas e nos clubes, tudo patrocinado pelos poderes públicos em nome da Educação, da Paz, da Cultura e da União do Continente. Venciam os melhores estudantes, os melhores operários, os mais sadios, os países que mais investiam na Educação e na Cultura. As Olimpíadas existiam para alavancar a disseminação da cultura e a melhora da qualidade da vida no Universo.
Veio o século XX e com ele a coisificação do homem, a mercantilização dos pensamentos, a patenteamentação das idéias e a homogeneização dos costumes em todo o universo humano, com estas idéias o mundo foi fatiado em dois blocos, o primeiro constituído dos países grandes pecuniariamente ,hegemônicos, os paises que mandam.os donos das tecnologias,os que consomem o Mundo atual,os donos da energia e do capital, o segundo bloco,apenas um tabuleiro para o G8, constituído do resto,os que alimentam,os que sustentam e trabalham para os primeiros,para os que manuseiam o tabuleiro do jogo . Com esta catástrofe artificial e maquiavélica as Olimpíadas ganharam cunho político e comercial, deixando de ser puramente de cunho amador, passando a ser patrocinadas pelos comitês políticos das nações do primeiro bloco e pelos comitês financeiros das grandes multinacionais, donas de mais de 70% da riqueza mundial, é o famigerado afunilamento do poder entre os povos, que em vez de patrocinarem a amizade, a paz, a união e o entendimento político na sua essência ,patrocinam muitas vezes o inverso,patrocinam o distanciamento ,o fosso entre as nações.
Os jovens deixaram de praticar o esporte por prazer, as atividades saíram das Escolas e das Fábricas e migraram para Empresas, migraram para as clausuras do esporte em todas as nações civilizadas,migraram para o confinamento obrigando os atletas a serem super humanos, indo à exaustão física e psíquica desde a infância em algumas plagas, levando-os a um adoecimento seletivo com regras rígidas em nome da disciplina, muitas vezes com regras impostas em nome do poderio Político e Financeiro das Nações as quais representam,os atletas viraram verdadeiras máquinas descerebradas,viraram músculos programados.
O esporte amador pede socorro, a profissionalização assassinou a Educação, a Cultura e a Paz entre as nações, mais um seguimento genuinamente do povo e para o povo foi entregue ao guloso e usurário poder econômico ,seguimento que paulatinamente empurra e encaminha o esporte para ser uma atividade de exclusão.
Os bancos estatais, as empresas, os poderes públicos patrocinam à luz do sol o esporte comercial,o esporte profissional e esquecem os verdadeiros atletas que penam nos diversos estabelecimentos de educação deste pais e do mundo, tudo em nome do poder político e comercial, quando na verdade deveriam injetar estes fundos para a criação e recuperação de uma juventude sedenta e sem rumo.
Sim ao esporte educação para todos e não ao esporte seletivo e pecuniário.
Iderval Reginaldo Tenório
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