31/07/2014

Mais um 7 X 1

Quando imaginei estar refeito da cara de idiota após aquele trágico 7 X 1 pra Alemanha, caí na esparrela de ler uma notícia no G1.com.br: “41% dos candidatos declaram 'patrimônio zero' nestas eleições”. Inacreditável!

Nas eleições de 2014, além dos 11 candidatos à presidência da república, outros 25.052 apresentaram registro de candidatura para os cargos de governador, senador, deputado federal e estadual. 

Para a maioria dos inocentes brasileiros, uma legião de abnegados e altruístas cidadãos preocupados com o país. Certo? Errado! Na verdade trata-se de uma legião de famintos oportunistas, querendo mamar nas tetas do erário, leia-se, às nossas custas. Pelo menos os 10.337 que alegaram não possuir bens em seu nome (41,2% do total). E mais: 194 candidatos alegam possuir bens no valor de R$ 10,00... eu disse DEZ REAIS e outros 208, mais cínicos ainda, declararam só possuir bens no valor de, pasmem, R$ 1,00. Ou seja, não possuem nem uma bicicletinha e querem se eleger para um cargo público.

Não é possível! Estão de sacanagem com os brasileiros. E pior, com a conivência do TSE que afirma: "Eventuais falsidades ou incongruências na declaração de bens dos candidatos podem ser objetivo de investigação do Ministério Público ou dos partidos". E ai, pergunto: será que ninguém no TSE desconfiou que há “falsidades ou incongruências” nessas declarações? Vamos ter que esperar o MP ou algum partido pedir investigação dessa calhordagem explícita? Coisa que quem tem culpa no cartório não vai pedir nunca!

Apenas para quem não conhece do riscado: você faz ideia de quanto se gasta para se eleger um simples vereador numa cidade de mais ou menos 150.000 eleitores? Entre R$ 800 mil e R$1 milhão de reais. São santinhos, faixas, cartazetes, comícios, vídeos, jingles e etc. E no etc. estão incluídos churrascos, milheiros de tijolos ou telhas, jogos de camisas de futebol, cestas básicas e as famigeradas bocas de urna, que mesmo proibidas são prática descarada em qualquer lugar. E os caras querem que eu acredite que eles não têm um tostão? Que não possuem uma bicicleta velha para se deslocar para os locais de corpo-a-corpo com seus eleitores?

Fantástico!

Mas, o TSE nos conforta justificando que essas declarações, ridícula e obviamente fraudadas, "atendem ao princípio da transparência de informações e contribuem para que o cidadão possa conhecer melhor os candidatos".

É... Tenho mesmo cara de idiota... Outro 7 X 1? Ou seria 171?

É por essas e outras que os mensaleiros, os Lulas e os Calheiros continuam soltos e o nosso país, a despeito do povo cordial e pacífico (talvez, pacífico demais), está nessa merda.

Ora, façam-me um favor!

Anderson Fabiano

Imagem: Google

3 comentários:

Ricardo Mainieri disse...

Tudo bem, Anderson?
Li atentamente tua crônica e concordo em muitas coisas com tua visão de mundo.
Existem coisas no Brasil pro forma, apenas para constar. Claro que as deeclarações de bens são fraudadas, já antecipando o tipo de elemento que teremos de aguentar.
Para esse flagelo só a reforma política com o financiamento público e igualitário de campanha.
Mas meu lado útopico ainda espera alguém que, realmente, esteja a fim de elevar o nível de consciência política do povo. No momento, vejo um percentual quase esmagador de aproveitadores, abutres e outras aves de rapina. Mas, vou refletir bem neste pleito e se precisar exerço o direito do voto nulo.

Abraços.

Ricardo Mainieri

MENSAGENS AO VENTO disse...

____Meu amigo, dá vontade de chorar, de bater em almofada...
É muito triste ser o povo e perceber que "eles" nos consideram um rebanho amestrado que sacode a cabeça num "sim" para tudo... O pior é que não há muita mercadoria saudável para se escolher, teremos que escolher o menos podre... Votar em branco não adianta.
Gostei muito de ler seu texto! Vai bem de encontro a tudo que penso.

Beijos de luz! ____________________________________

Jorge Sader Filho disse...

Meu caro Anderson, eu não imagino quanto custa uma campanha para vereador.
Mas tenho certeza de que com 100 reais eu vou ao Rio, vejo alguma livraria, faço uma compra - não de livro de arte - e volto talvez com um trocado. E está muito bom!
Campanha? Só se uma construtora pagar. Depois eu aprovo aquele pequeno prédio de 30 andares que a Prefeitura insiste em negar licença para construir.
Grande abraço.